Mãe é presa e acusada de matar as duas filhas adolescentes no Butantã
Polícia.
Corpos foram descobertos após vizinhos chamarem os bombeiros por causa
de vazamento de gás; encontrada no chão da sala, corretora de imóveis
teria confessado o crime e dito que queria morrer; polícia vai
interrogá-la
Mônica Reolom/Estadão
"A casa onde o crime aconteceu amanheceu pichada neste domingo, 15"
Uma denúncia sobre um vazamento de gás feita ao Corpo de Bombeiros levou à descoberta do crime. Quando os bombeiros chegaram à casa, um sobrado da Rua Doutor Romeu Ferro, na Vila Gomes - região do Butantã -, encontraram o imóvel trancado. Não havia sinais de arrombamento e ninguém respondia aos chamados. O cheiro de gás vinha da casa. Os bombeiros decidiram entrar e encontram a mãe na sala.
Havia sinais de gasolina derramada em seu corpo. O gás estava aberto. Na parte superior da residência, encontraram as duas adolescentes. Os corpos de Paola Knorr Victorazzo, de 13 anos, e Giovanna Knorr Victorazzo, de 14, estavam cada um em um beliche. Segundo a polícia, havia sinais de estrangulamento e as duas devem ter morrido por asfixia.
O quarto estava revirado e com fezes de animais - a perícia suspeita que as jovens estivessem mortas havia dias. No box do banheiro do quarto havia um cachorro morto com um saco plástico amarrado na cabeça.
Mary, que é divorciada e tem outros dois filhos, de 27 e 31 anos, foi levada por uma unidade de resgate dos bombeiros para o pronto-socorro do Hospital Universitário, onde permanecia internada em observação sob efeito de sedativos, com escolta. Segundo o hospital, a corretora está "clinicamente bem". À tarde, ela passou por um exame psiquiátrico no pronto-socorro da Lapa e retornou.
Policiais do 14.º DP (Pinheiros) tentaram interrogá-la no hospital, para saber o motivo do crime, mas não foi possível. Peritos do Instituto de Criminalística devem fazer a perícia do local. Ao Instituto Médico-Legal ficará a tarefa de determinar como as jovens foram mortas.
Segundo a PM, Mary tinha passagem na polícia por periclitação de vidas (pôr em risco a vida de alguém) e estelionato. Uma amiga de Mary contou que ela tinha muitas dívidas.
Pichação. A casa onde o crime aconteceu amanheceu pichada ontem com a frase "Não existe amor em SP". Vizinhos disseram que não tinham contato com Mary, mas que ela e as meninas moravam na casa, alugada, havia menos de um ano.
Uma ex-colega de Paola contou que as três mudavam de casa com frequência. "Elas nunca arrumavam muito as coisas. Era como se fossem se mudar em seguida." A ex-colega as descreveu como tímidas e doces.
Segundo a bancária Juliana Folon, mãe do melhor amigo de Giovanna, o garoto relatou que mãe e filha tinham uma relação conturbada e a jovem tomava antidepressivos. Em frente à casa havia muitos móveis. "Sempre achamos estranho isso tudo jogado", disse uma vizinha.
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