Noruega releva erros da polícia na reação a massacre de extremista
Em luto, poucos - com exceção de sobreviventes - culpam autoridades por lenta resposta a ataque na Ilha de Utoya
Foto: Reuters
Norueguês Anders Behring Breivik, homem
acusado pelo massacre na Noruega, é visto dentro de veículo ao deixar
corte onde teve sua primeira audiência em Oslo
"Por que vocês não vieram antes?", gritavam os sobreviventes
quando a polícia chegou à Ilha de Utoya, na Noruega, muito tempo depois
de Anders Behring Breivik iniciar o massacre que deixou 68 mortos, a maioria adolescentes, na sexta-feira. O total de 68 difere em 18 da cifra divulgada no domingo, de 86.
O diretor da polícia norueguesa, Oystein Maeland, disse que o número
maior e incorreto surgiu enquanto a polícia e as equipes de resgate
mantinham sua atenção em ajudar os sobreviventes e fazer a segurança da
área do ataque, mas ele não explicou exatamente por que a contagem foi
errada.
A dramática redução no número de mortos é mais um dos tropeços da polícia norueguesa: ela demorou quase 90 minutos
para chegar à ilha desde o primeiro disparo, e pessoas que ligaram aos
serviços de emergência foram orientadas a ficar longe do telefone se
não fossem fazer ligações sobre a explosão de carro-bomba em Oslo, que
Anders afirmou ter feito antes de dirigir-se à ilha. Nesta
segunda-feira, o extremista cristão compareceu à sua primeira audiência judicial.
Apesar disso, numa nação de luto pelo maior massacre da sua história moderna,
pouca gente ouvida pela imprensa - com exceção dos sobreviventes -
culpou as autoridades por não impedir o ataque ou por demorar a reagir.
Na hora do massacre na ilha, a polícia estava às voltas com o atentado com carro-bomba
lançado por Breivik no centro da capital. Além disso, a reação das
autoridades ao massacre foi toda problemática - o que inclui a falta de
helicóptero adequado para chegar à ilha e a superlotação de policiais
num barco que ficou cheio de água.
Enquanto isso, os minutos se passavam e Breivik caçava vítimas
escondidas debaixo de camas, no alto de árvores, no meio de arbustos ou dentro da água.
Eram 17h26 de sexta-feira (hora local) quando a polícia de Nordre Buskerud recebeu o primeiro alerta sobre tiros na ilha.
Quatro minutos depois, as autoridades notificaram Oslo, e depois de
mais oito minutos pediram reforços oficialmente. Depois de outros 14
minutos, a polícia chegou em frente à ilha, mas passou outros 17 minutos
esperando um barco.
"Pedimos ajuda à equipe da Swat em Oslo, que é especialmente treinada
para lidar com situações armadas. Não sabíamos da extensão da situação
que havia por lá", disse Sissel Hammer, chefe de polícia em Nordre
Buskerud, ao jornal Dagsavisen. "Mas não se tratou de uma espera, foram
17 minutos durante os quais nos preparamos", disse.
Enquanto isso, pessoas acampadas à beira do lago resolveram agir e
zarparam com seus barcos para resgatar sobreviventes na água - alguns
dos quais sendo alvejados por Breivik. Um dos campistas resgatou até 50
pessoas aterrorizadas. Às 18h09, a polícia de Oslo chegou à área e
zarpou para a ilha num barco trazido da vizinha Hoenefoss.
"Quando tantas pessoas e equipamentos foram embarcados, o barco
começou a fazer água, então o motor parou", disse Erik Berga, chefe de
operações policiais do condado de Buskerud. "O barco era pequeno demais e
ruim demais."
Quando a equipe da Swat chegou à ilha, às 18h25, Breivik se rendeu em
dois minutos, sem resistir. A polícia norueguesa disse estar revendo a
ação, mas assegurou estar satisfeita. "Não se pode esperar uma reação
melhor que essa. Estamos muito satisfeitos", disse o chefe de gabinete
da polícia, Johan Fredriksen. "Teríamos feito de novo do mesmo jeito, a
não ser que recebêssemos mais recursos."
A falta de recursos, de fato, atrapalhou a operação. Além de barcos, a
polícia não tinha um helicóptero adequado para levar à ilha agentes
capazes de conter o assassino, que agiu motivado pelo seu ódio à
imigração e ao multiculturalismo.
Mas a emissora pública NRK colocou um helicóptero sobre a ilha de
Utoeya e filmou o assassino ainda antes da chegada da polícia ao local.
"Nós temos um helicóptero, mas que tem uma autonomia de voo muito
limitada", disse Fredriksen em uma coletiva.
*Com Reuters
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