Bovespa fecha em alta de 3,79% e anula perda do início da semana
Mercado se ajusta após fortes turbulências e Ibovespa supera os 53 mil pontos; Europa e EUA também sobem
A Bolsa de Valores de São Paulo começou a
quinta-feira em alta e, depois de ter ameaçado uma baixa ainda pela
manhã, voltou logo aos ganhos e permaneceu assim. Foi a terceira sessão
de valorização e, com isso, o Ibovespa já anulou a perda de 8,08% da
segunda-feira. O dia também foi de alta expressiva para os índices
norte-americanos e europeus.
Segundo analistas, como não há grandes novidades negativas nesta
quinta-feira, o mercado buscou uma acomodação após as turbulências
recentes. Além disso, números positivos da economia norte-americana
favoreceram os ganhos nas bolsas e compensam, ainda que em parte, as
preocupações dos investidores com a dívida dos países da Europa.
O Ibovespa terminou a quinta-feira com valorização de 3,79%, cotado
em 53.343 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,451 bilhões. Na semana,
até hoje, o índice tem alta de 0,7%.
Para Bruno Lembi, sócio da M2 Investimentos "o mercado está agora se
acomodando. "Mas não devemos ver um rali desenfreado de alta, já que
ainda há muitos problemas a serem resolvidos. Teremos uma acomodação
ante as quedas recentes e não devemos repetir o descolamento do mercado
americano, visto no primeiro semestre", comenta.
Osmar Camillo, da corretora Socopa, concorda. "Tivemos dez dias muito
voláteis no início de agosto, acredito que agora o mercado está se
corrigindo um pouco." Do início do mês até o fechamento de
segunda-feira, o Ibovespa acumulou uma desvalorização de 17%.
EUA
Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones subiu 3,95% - com todas as
suas 30 ações em alta -, enquanto o S&P 500 teve alta de 4,63% e o
Nasdaq avançou 4,69%.
Contribuíram para o bom humor os dados positivos da economia
norte-americana - que registrou um número menor do que o esperado de pedidos auxílio desemprego
-, além de bons resultados corporativos, com destaque para a Cisco
Systems, o maior fabricante de tecnologia de redes informáticas do
mundo. "Investidores estão a procura de sinais de que os Estados Unidos
conseguirão evitar um duplo mergulho da economia," disse à CNN Money
Mark Luschini, estrategista chefe de investimento da Janney Montgomery
Scott.
Europa
Na Europa, a quinta-feira foi de grande volatilidade. As bolsas abriram o dia com ganhos,
depois inverteram o sinal e passaram a cair. Perto das 11h30,
entretanto, as principais praças subiam. No fechamento, os índices
registraram ganhos após 11 dias de baixas.
O Société Générale que chegou a cair 5,2% de manhã, seguindo a queda de 23% na véspera,
subia 5,75% perto das 11h50 (horário de Brasília). Além dos rumores
sobre a saúde financeira do banco, também pesaram sobre os negócios na
quarta-feira os boatos de que o governo da França pretendia cortar suas
taxas de juros por conta dos problemas que estariam abatendo o Societé
Generale.
Volatilidade
Ainda que os mercados estejam em alta, analistas alertam que o
cenário continua sendo de volatilidade. Em todo o mundo, receios de um
enfraquecimento da economia global e de um rebaixamento da nota de
países europeus estão em foco.
"Em nossa visão, enquanto não surgir alguma notícia positiva na
economia mundial ainda deveremos observar o mercado acionário global
mostrando grande volatilidade," afirma nesta quinta-feira, em relatório,
o analista Pedro Galdi, da SLW Corretora.
Para Eduardo Jurcevic, superintendente da Santander Corretora, apesar
das altas, a tendência para o Ibovespa no curto prazo é de queda. “Já
há pontos de entrada em ações na Bolsa, mas o cenário não aponta para
altas. Vamos ver nos próximos dias muita volatilidade, mas o quadro não
aponta para cima.”
“As chances de que saiam notícias favoráveis para o mercado de ações
são pequenas”, acredita. De acordo com ele, a visão que predominou ontem
nos mercados e fez o Ibovespa descolar do exterior
faz sentido. “Nossa economia tem realmente boas perspectivas de
crescimento, e essa expansão esperada está calcada no consumo interno, e
não no comportamento das commodities. Mas o Brasil ainda é visto como
economia emergente e, quando a aversão a risco aumenta, não há como
fugir das baixas.”
Ásia
Já as bolsas asiáticas apresentaram números mistos nesta quinta-feira, seguindo o clima de incerteza de quarta na Europa e nos Estados Unidos.
Segundo analistas, investidores na Ásia tiveram de lidar com
indicadores econômicos contraditórios e os mercados devem continuar
patinando nos próximos dias.
"Já tivemos mercados voláteis no passado que acabaram indo em uma
certa direção, mas desta vez ninguém parece saber o que vai acontecer",
disse à BBC Andrew Robinson, da Saxo Capital Markets.
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