Suspensão de escolta foi negligente, diz família de juíza morta no Rio
Wilton Junior
"'Ela morreu porque acreditava na Justiça, mas sistema falhou', disse familiar"
RIO
- Parentes da juíza Patrícia Acioli reagiram com revolta à execução da
magistrada e classificaram como negligente a suspensão de sua escolta
particular. Ao mesmo tempo, autoridades que participaram do sepultamento
no cemitério de Maruí, em Niterói, circulavam protegidas por
seguranças. 'Se isso aconteceu, é porque em algum momento o Estado
falhou', disse um parente que pediu para não ser identificado, durante o
sepultamento. 'Ela morreu porque acreditava na Justiça, mas o sistema
falhou. A bandidagem perdeu o medo do Estado.'
O enterro foi
acompanhado por cerca de 300 pessoas, incluindo juízes, promotores e
advogados, que aplaudiram Patrícia durante o cortejo e o sepultamento de
seu corpo. O governador Sérgio Cabral e o secretário de Segurança, José
Mariano Beltrame, não compareceram ao sepultamento. Mais cedo, Cabral
declarou que o crime 'é um desafio à ordem pública e ao estado
democrático de direito'. Beltrame classificou o crime como bárbaro e
afirmou que 'o momento é de investigar, apresentar resultados e falar
pouco'.
Representantes do Judiciário garantiram que não recuarão
diante do assassinato e que pretendem intensificar as investigações
contra os grupos criminosos da região. 'Vamos montar uma força-tarefa na
região de São Gonçalo para mostrar que, quanto mais nos atacarem, mais
vamos pressioná-los', declarou o desembargador Antonio Cesar Siqueira,
presidente da Associação de Magistrados do Rio (Amaerj). 'Temos de tomar
medidas drásticas. Não vamos nos acovardar e não vamos arredar um
milímetro.'
O Ministério Público também estuda a possibilidade de
aumentar o número de promotores em atuação em São Gonçalo e promete
reforçar a segurança dos profissionais. No condomínio em que Patrícia
morava com os três filhos, no bairro de Piratininga, em Niterói,
vizinhos contam que os tiros foram ouvidos em toda a rua.
O local é
considerado tranquilo, mas, como as casas ficam em uma área de pouco
movimento, dezenas de câmeras de segurança estão espalhadas pelas ruas.
No Fórum de São Gonçalo, o gabinete da juíza foi lacrado pelo
Departamento de Segurança Institucional do Tribunal de Justiça. As
bandeiras passaram o dia a meio mastro e o cartório da 4ª Vara Criminal
não prestou atendimento hoje, 'por motivo de luto'.
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