11 de maio de 2011

"Deus me escolheu", diz Wellington Muniz sobre sucesso na TV

Com 22 anos de estrada e no auge da carreira, o Ceará do "Pânico" abre sua casa e revela que está na hora de formar uma família

Thayana Nunes, iG São Paulo | 11/05/2011



Foto: André Giorgi
Wellington Muniz, o Ceará, recebe o iG Gente em sua casa de
1300 metros quadrados em São Paulo
Para passar a tarde conversando com Wellington Muniz tem que estar preparado para rir. E muito. A cada frase, o humorista do programa “Pânico na TV”, da Rede TV!, solta uma piada ou muda o tom de voz para imitar alguns de seus célebres personagens, entre eles Silvio Santos, Clodovil ou a Gabi Herpes, inspirada em Marília Gabriela.
O bate-papo com o iG Gente aconteceu em uma terça-feira de sol na casa que Ceará se mudou no final de 2010. Há oito meses, ele está morando com o irmão e dois empregados em um espaço de 1.300 metros quadrados no bairro do Brooklin, em São Paulo. Sala de estar ampla, mesa de sinuca, piscina e jacuzzi compõem os ambientes. "Eu sempre tive o sonho de ter uma casa. Foi meu maior luxo", conta ele.


Foto: André Giorgi
Wellington Muniz: "Tenho obrigação de fazer algo legal.
É impossível chegar à perfeição"
Mas se as pessoas pensam que aquele cara divertido da TV, que adora uma "zoação", construiu a casa somente para se divertir com os amigos, estão enganados. O que ele quer mesmo é uma família. "Eu me via na casa com uma mulher, com filho, com cachorro", diz, mostrando o closet e o banheiro da suíte principal,  tudo pensado numa futura parceira. "O homem precisa ter uma grande mulher", diz ele, solteiro há mais de um ano, desde quando colocou um ponto final no casamento de seis anos com a nutricionista Tatiana.
Quando o assunto é vida pessoal, Ceará é adepto de uma postura "low profile" desde o início de sua carreira na televisão. Mas é impossível escapar de perguntas sobre seu mais recente affair: a repórter da mesma emissora Mirella Santos, com quem foi visto em uma boate em março. Apesar do humorista negar o romance, assessoria dele afirma que os dois "estão se conhecendo melhor".


Foto: André Giorgi
"Para fazer piada tem que ter algum motivo, tem que
acordar em um dia bacana", diz Ceará
De sua sala envidraçada, ele diz que cuida pessoalmente de cada detalhe da casa - da escolha de cada quadro à manutenção do impecável jardim -, e conta como conheceu Marília Gabriela, dos elogios que recebeu da apresentadora, e como trilhou a bem-sucedida carreira.
A gostosa prosa foi encerrada com uma palhinha no violão. Wellington fez uma rápida retrospectiva dos personagens que imita ao longo de seus 22 anos de humor. E mandou ver num um "pot-pourri" de Caetano Veloso, Maria Bethânia e Chico Buarque.
Confira o bate-papo:

Contar piada é igual pintar um quadro, acontece quando estou inspirado. O artista não pinta um quadro todo dia
iG: É fácil contar piada?
Wellington Muniz: Acontece quando estou inspirado. Às vezes você não consegue. É igual pintar um quadro: o artista não pinta um quadro todo dia. Para fazer piada tem que ter algum motivo, tem que acordar em um dia bacana. 
iG: Você se sente cobrado para ser engraçado o tempo todo?
Wellington Muniz: Não me sinto obrigado a fazer piada, mas as pessoas esperam que você seja engraçado. Me encontram na rua e perguntam: “Você é o Ceará? Cadê a dentadura, cadê a peruca e o microfone?”. E não é só o povão não, é gente que estuda, que tem cultura. Todo mundo acha que você tem que ser engraçado o tempo todo. Mas é normal, esperam ter o mesmo carinho que veem na TV. Você entra na casa do cara, eles se sentem íntimos. Muitas vezes me encontram e falam comigo como se fosse melhor amigo. 


Foto: André Giorgi
"Eu acho bacana isso, quando a pessoa gosta de você artista,
não só do personagem"
iG: E você se incomoda com isso? É uma invasão pra você?
Wellington Muniz: Não fico incomodado de maneira nenhuma.
iG: Você tem quase dois milhões de seguidores no Twitter, que usa para conversar com os fãs e postar piadas. Essa ferramenta é importante para manter uma relação com os fãs?
Wellington Muniz: Você testa a piada no Twitter. Piada é muito democrática. Às vezes quando alguém critica a piada, eu vou lá e respondo o cara, falo com ele, e me sacaneio. Falo “você tem razão eu sou uma porcaria mesmo, burro”. Eu me coloco também como alguém que possa errar. Eu me sacaneio: “gente, a minha perna é tão fina, se eu levar uma picada de uma abelha, dá fratura exposta. Fui malhar agora e vi que minha perna é uma coisa só: canela, joelho e canela”.
iG: O “Pânico” tem diversas estrelas. Como é lidar com uma ‘concorrência’ dentro do próprio programa?
Wellington Muniz: No “Pânico” é assim: cada pessoa se identifica com algum personagem. Eu acho bacana isso, quando a pessoa gosta de você artista, não só do personagem. Gosta de você de cara limpa.

A Marília Gabriela me ligou e disse: "Adorei sua imitação. Pode continuar fazendo
iG: Você se sente uma celebridade?
Wellington Muniz: Não me sinto uma celebridade, mas eu sei que o “Pânico” vai fazer oito anos e de um tempo para cá as pessoas querem saber mais da gente, não do personagem.
iG: Assim que chegamos à sua casa, você falou que gosta de ter uma atitude ‘low profile’ em relação a sua vida pessoal. Por quê?
Wellington Muniz: Quando eu fiz o piloto para o “Pânico”, em 2003, eu não me senti à vontade de cara limpa. Foi daí que surgiu o personagem Silvio. Até hoje quando alguém me vê na rua, me pergunta: “Ué, arrumou os dentes?”. Acham que são daquele jeito. Gosto disso. Li uma vez uma entrevista com o Chico Anysio em que ele falava que era para ser assim. Não aparecer muito de cara limpa. Só os personagens.


Foto: André Giorgi
"Mas não é para inflar o ego, é um reconhecimento da pessoa",
sobre elogios de Marília Gabriela
iG: Então você não queria ser reconhecido na rua?
Wellington Muniz: Sou tranquilo, me foco no trabalho. Se falam de uma coisa pessoal, sobre quem eu estou namorando, deixa falar. Não tenho essa preocupação. Quando eu era casado, me preocupava com uma fã mais saidinha, porque dependendo do ângulo da foto, as pessoas começam a falar. Mas deixa falar. Falem bem ou mal, mas falem de mim. Quando você se reserva mais, aí instiga mais. Quando tiver que falar algo, vou falar tranquilamente.
iG: Você tem uma relação de amizade com as pessoas que você imita, como o Chico Anysio, Marília Gabriela, Silvio Santos?
Wellington Muniz: Tenho muito respeito por eles. Com o Chico, foi o filho dele que me encontrou. Estava fazendo um show em 1996 em Manaus, e o filho dele André, estava lá. Era um show que eu fazia sozinho, em que eu cantava, falava piada, imitava, e ele gostou. Falou de mim para o pai dele. Dez anos depois, em 2006, fui eu e meu irmão assistir ao show “Chico.Tom”. O André me reconheceu e falou: “Pai esse aqui é o Ceará! Lembra dele que eu te falei que um dia vocês podiam trabalhar juntos?”.

O Chico Anysio uma vez me disse: “Ceará, a dentadura é legal, mas você também consegue fazer personagens sem dentadura, não se apegue a ela”
iG: O Chico te inspira?
Wellington Muniz: O Chico uma vez me disse: “Ceará, a dentadura é legal, mas você também consegue fazer personagens sem dentadura, não se apegue a ela, não”. No dia 12 de abril, no dia do aniversário dele, eu mandei parabéns para ele... Mas não somos amigos.
iG: E com a Marília Gabriela?
Wellington Muniz: Ela estava na Europa quando foi ao ar a primeira vez o quadro “Marilia Gabri Herpes”. Não esqueço isso, era maio de 2009. Ela falou assim: “Ceará, é a Gabi. É muito difícil falar com você, é mais fácil falar com o presidente. Não vou tomar teu tempo. Eu estava viajando e meu filho me ligou pra falar que você tava me imitando no Pânico, vou dizer uma coisa pra você: eu não gosto muito de imitação. Aquela coisa que deprecia, não é legal, mas eu adorei a sua imitação”. Estava achando que ela ia me ligar para me criticar, e pedir para parar fazer o personagem. “Não, não, pode continuar fazendo. Gostei muito daquela coisa dos óculos na cara”. Esses dias eu a encontrei e ela disse: “eu não aguento mais o povo ficar falando “porque, porque”. Meus filhos quando me assistem  na TV não conseguem parar de rir lembrando de você”. Para mim isso é um elogio. Mas não é para inflar o ego, é um reconhecimento da pessoa.
Gabi Herpes entrevistando Marília Gabriela no "Pânico na TV!"

iG: Você pegava muito no pé do Clodovil...
Wellington Muniz: Clodovil era um personagem sem saber que era um personagem. No Brasil existem poucos apresentadores polêmicos, multifacetados como ele. Faz falta na televisão. São pessoas que a gente começa a imitar cedo. Silvio, Hebe Camargo...
iG: Você acha que em algum momento vocês passam do ponto com as brincadeiras?
Wellington Muniz: Acho que a gente sempre passa do ponto. Eu não me arrependo de nada. É normal, você está fazendo humor. Sempre vai ter alguém que não vai gostar de uma piada. As pessoas precisam do combustível que é o elogio. Tem gente que só vai para frente com elogio. Nunca fiz nada pesado com ninguém. Acho que o Pânico tem uma identidade de brincar com a gente mesmo, desde a época do rádio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário