Estamos vivendo dois anos de angústia, diz parente de vítima do Air France
Em 31 de maio de 2009, o voo 447 saiu do Rio com destino a Paris, caiu no oceano e matou 228 pessoas . Até hoje, não se sabe o que causou a queda
"Estamos vivendo há dois anos nessa angústia." É desta maneira que o
presidente da Associação dos Familiares de Vítimas do Voo 447, Nelson
Marinho, descreve o sentimento dos familiares das 228 vítimas do
acidente. O voo partiu do Rio Janeiro há exatamente dois anos, às 19h30
de domingo, 31 de maio de 2009, com destino a Paris, e caiu no oceano
Atlântico.
Leia a cobertura completa do acidente com o voo da Air France
No Brasil, para lembrar a data, será realizado nesta quarta-feira um
ato no monumento às vítimas do acidente, no Alto Leblon, e uma missa na
Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema.
Para Marinho, que perdeu um filho de 40 anos no acidente, existe uma
enorme lacuna sobre as causas do acidente. "O que os familiares mais
querem é saber o que, de fato causou a queda", diz ele. "Não somos só os
familiares dos 58 brasileiros que queremos saber o que aconteceu. São
os parentes das pessoas de 32 diferentes nacionalidades que estavam
naquele avião. Os olhos de todo o mundo estão voltados para a
investigação. E, depois do 447, outros aviões caíram", afirmou Marinho.
Corpos
Para o diretor da Associação dos Familiares de Vítimas do Voo 447,
Maarten Van Sluys, o momento agora é de "grande ansiedade" entre os
familiares após o anúncio, nesta segunda-feira, de que outros 75 corpos de vítimas foram resgatados de dentro do avião.
"A notícia do resgate foi surpreendente e causou muita comoção. Após
as cerimônias para lembrar a data, vou me reunir com outros familiares
de vítimas para discutirmos que ações vamos tomar", disse Van Sluys, que
afirmou que os familiares estão aguardando instruções para doação do
material genético para a realização do reconhecimento das vítimas.
Com os 50 corpos que foram retirados do mar logo após o acidente, foi resgatado um total de 125 corpos de vítimas.
"O enterro é muito importante para os familiares. É desumano dizer
que os corpos com melhor estado de conservação serão resgatados, quando
já sabemos que todos eles estão em bom estado devido às condições que o
local onde o avião foi encontrado serem propícias para a conservação",
disse Marinho.
Os destroços do avião foram localizados a 3,9 mil metros de
profundidade, em uma planície abissal (região mais profunda dos
oceanos). Não há incidência de luz solar no local.
Van Sluys, que perdeu uma irmã no acidente, disse ainda que a
associação quer obter mais informações sobre a investigação, que não
foram divulgadas no relatório preliminar na última sexta-feira.
"Foram omitidas informações importantes. Por exemplo, afirmaram que
houve uma diferença nas velocidades, mas os valores não foram citados e,
certamente, eles tinham isso", disse Van Sluys. Segundo ele, o
relatório não trouxe nenhuma informação além do que os especialistas que
a associação têm procurado já haviam dito.
Feira
Para Marinho, o relatório preliminar divulgado na última sexta-feira
pelo do Escritório de Investigações e Análises (BEA), órgão francês
responsável pelas investigações do acidente, não trouxe novidades porque
"há interesse em adiar a divulgação".
"Eles já sabem o que aconteceu, pois estão com todos os dados das
caixas-pretas, e disseram que só vão divulgar mais informações em julho.
Isso porque vai acontecer uma importante feira de aviação em Paris e a
Airbus não quer atrapalhar as suas vendas", disse Marinho, por telefone,
à reportagem do iG. A feira em questão é a Paris Air Show, que acontecerá em junho.
Apelo
Marinho afirmou que os familiares do voo 447 ainda aguardam por uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff, mas que ainda não conseguiram agendá-la.
"Ela [Dilma] chegou a dizer que o encontro era algo prioritário, mas
ainda não conseguimos falar com ela", disse Marinho. Os familiares
afirmam que querem um maior envolvimento do governo brasileiro nas
investigações do acidente.
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