"A única preocupação é a inflação", diz Buffett a acionistas
Investidor descarta comprar ouro: "Até onde eu sei, a única coisa que se pode fazer com ouro é admirá-lo e fundi-lo"
O primeiro dia do encontro da Berkshire Hathaway na cidade de Omaha, no interior dos Esatdos Unidos, não foi apenas de amargas perguntas sobre o caso Sokol. Warren Buffett também se deliciou com questões que adora responder.
O investidor mais admirado entre os americanos falou de commodities, crise econômica e da desvalorização do dólar.
Buffett deu como favas contadas o aumento do limite da dívida
norte-americana. O atual limite de US$ 14,3 trilhões expira dia 16 de
maio.
“Os Estados Unidos podem cobrir seus débitos emitindo dinheiro, uma
enorme vantagem em relação, por exemplo, a países europeus presos a uma
moeda que eles não controlam. A única real preocupação é a inflação”,
afirmou Buffett.
O vice-presidente da Berkshire Hathaway, Charlie Munger pôs ainda
mais lenha na fogueira. “Republicanos e democratas estão disputando quem
é o mais estúpido. E a cada hora um parece estar ganhando do outro.”
Fuja do dólar e do ouro
Warren Buffett declarou que, certamente, o dólar, assim como “outras
moedas estrangeiras”, ainda sofrerá mais desvalorização, mas disse ser
impossível dimensionar “de que tamanho será essa queda”, por isso não
recomenda investimentos no câmbio.
Buffett declarou que, se fosse viver por mais 50 anos, investiria em
tecnologia ou energia. Munger completou: “ou procuraríamos alguém que
tem qualidades que não temos. Mas isso seria difícil de encontrar”.
A um acionista que perguntou sobre investimentos em petróleo, Buffett
disse que, por se tratar de uma recurso finito, ele garante que, algum
dia, o petróleo valerá ainda mais do que hoje.
Mas acrescentou que “uma pessoa inteligente pode ganhar muito mais
dinheiro investindo em ações produtivas do que especulando sobre
commodities”.
Ele declarou que não seguirá a “corrida pelo ouro”, que elevou o
preço do produto a mais de US$ 1.500 (USD/oz). O megainvestidor
argumentou que “com o ouro que existe no mundo, poderia comprar todas as
fazendas dos Estados Unidos, dez Exxon Mobils, e ainda sobraria US$ 1
trilhão”. E provocou: “até onde eu sei, a única coisa que se pode fazer
com ouro é admirá-lo e fundi-lo”.
Alfinetada à Sarah Pallin
Quando perguntado sobre que investimento faria se vivesse por mais cinquenta anos, Munger foi categórico: tecnologia e energia. Numa alfinetada à republicana Sarah Pallin, Munger declarou que “quem acha que a solução é cavar, cavar, cavar, cavar está louco”.
Buffett disse que há anos a Berkshire investe em energia renovável. Ele calcula que em cinco ou dez anos ações desse tipo de empresa se valorizem bastante. O investidor também defendeu o uso de energia nuclear.
Foto: Mila Burns, de Omaha, especial para o iG
Transporte verde e investimento em energias renováveis
Crise econômica
Em relação à crise econômica, disse que “sempre haverá razões para se
preocupar, mas o poder do capitalismo é incrível. É ele quem nos
impulsionará”.
Munger afirmou que o maior erro dos americanos frente ao colapso
econômico tem sido “não estarmos aprendendo o suficiente com grande
bagunça que fizemos.”
Arrancando risos da platéia, outro acionista perguntou o que os
octogenários fariam se tivessem filhos nos próximos cinco anos e
precisassem ensina-los a importância do trabalho para competir com
crianças nascidas na China e na Índia.
Buffett não achou graça e respondeu a sério que se uma criança nasce
pensando que não precisa trabalhar porque os pais têm dinheiro, houve um
grande erro.
"Quero ser lembrado por ter morrido velho"
O terceiro homem mais rico do mundo afirmou não querer que recordem
dele pelo patrimônio. “Daqui a cem anos desejo ser lembrado apenas por
ter morrido velho”. Charles Munger completou: “Warren quer que as
pessoas olhem pra ele no seu funeral e digam: é o cadáver mais velho que
já vi!”
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