13 de janeiro de 2011

Mulher resgatada por corda reencontra um de seus salvadores

Dona Ilair teve a casa levada pela correnteza no município de São José do Vale do Rio Preto, na Região Serrana do Rio. Equilibrada em um pedaço de madeira, ela foi salva pelos vizinhos.


Nesta quinta-feira (13), a tragédia que atingiu a Região Serrana do Rio ganhou proporções ainda mais impressionantes. As informações que chegaram por volta das 20h40 eram de que o número de mortos chegou a 482. Renata Vasconcelos apresentou o Jornal Nacional, ao vivo, de Teresópolis.
Ao chegar a Teresópolis, a impressão que se tem é de um clima de guerra, caos e muita comoção. O bairro Caleme foi um dos pontos mais atingidos pelas chuvas. A repórter chegou a perder a conta do número de corpos que passaram por ela em sacos plásticos, um número que aumenta a cada momento.
Uma ponte cedeu, caiu e mudou o curso do rio. O cenário é de completa destruição: fios elétricos expostos, galhos retorcidos, muita lama, nesta que já é considerada a maior tragédia climática da história do Brasil. Para se ter uma ideia, a última foi em 1967, em Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo, quando 436 pessoas morreram.
Nesta quinta, uma senhora que teve a casa levada pela correnteza no município de São José do Vale do Rio Preto, na Região Serrana, voltou ao local da enxurrada e reencontrou um de seus salvadores.
Cercada pela força arrasadora da água, Dona Ilair, de 53 anos, só teve tempo de buscar abrigo no terraço da casa do irmão com os cachorros. Mas em poucos minutos, o refúgio também começou a ficar ameaçado. O telhado desabou. Ela ficou sem chão, equilibrada em um pedaço de madeira.
Do alto, veio a ajuda dos vizinhos. A corda alcançou a dona de casa, na hora certa. As últimas paredes desmoronaram e Ilair saltou pra sobreviver.
A enchente na cidade onde dona Ilair nasceu se espalhou rapidamente. O repórter André Curvelo sobrevoou a cidade de Dona Ilair, São José do Vale do Rio Preto, para mostrar as consequências do temporal.
Entre o barranco que desceu e o rio que subiu, as casas não resistiram. De uma delas só restou a piscina. As pessoas tentavam retirar do entulho algum pertence, algum documento. Tentavam retirar, com as mãos, o que podiam.
A oficina virou ferro velho. E os carros que ainda funcionam não têm por onde seguir.
O único meio de chegar a vários pontos da Região Serrana é de helicóptero e do alto é possível perceber que o socorro pode demorar a chegar a áreas inteiras que estão ilhadas.
Um trecho da rodovia BR-116, principal acesso à cidade, simplesmente desapareceu. Nem as equipes de resgate conseguiram passar. Famílias inteiras pedem socorro. E já falta o básico: água e comida.
As pessoas saíram de casa porque nem a casa nesse momento é um lugar seguro. O rio levou parte da encosta.
Algumas casas foram completamente devastadas. Como a da dona Ilair, que foi salva do meio da enxurrada.
O terraço foi todo abaixo. Foi preciso muita coragem para ela salvar a própria vida, visto a distância até a parede e a altura de mais de dez metros por onde ela ficou pendurada.
Nesta quinta-feira (13), a dona de casa se emocionou ao voltar ao lugar onde quase perdeu a vida. “Como é que estou viva eu não sei. Agora, como eu vou comprar tudo, eu não sei também. Não tenho condições. Eu não pude fazer nada para salvar meus bichinhos de estimação que eu tinha.
Dona Ilair ainda não conseguiu se encontrar com os heróis da vizinhança. Um deles é Daniel, que se machucou ao puxar a corda.
“Isso é o de menos, o importante é a vida dela. Abracei, chorei. A emoção, na hora, toma conta da gente”, contou ele.

“Isso é uma nova vida que eu tive. Espero que nunca mais aconteça isso”, disse ela.

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